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Anicca 2 (fase 1)

De acordo com o pensamento budista, "nada é permanente, a não ser a própria impermanência das coisas". Essa afirmação coloca em foco a essência transitória de tudo o que existe. A palavra páli anicca (impermanência) define a existência como uma constante mudança, uma realidade que não se acomoda, não se estabiliza, e que não oferece um conforto duradouro.
No contexto urbano, essa reflexão se estende do macro ao microcosmo, desde a cidade como um todo até os espaços mais íntimos, como o quarto dentro de uma casa. Onde devemos permanecer, se é que é possível permanecer? Essa pergunta ressoa entre a inquietação, o deslocamento e a angústia que muitas vezes sentimos ao nos confrontar com a ideia de "estar em algum lugar".


A impermanência não se limita apenas ao físico, mas também ao mental. É a percepção dessa dualidade que nos leva a oscilar entre o desejo e a necessidade, entre a busca por estabilidade e a aceitação da constante mudança. Somos impulsionados a nos mover, levando conosco apenas as memórias efêmeras dos lugares onde estivemos e dos sentimentos que experimentamos. O tempo e o movimento transformam essas lembranças em fragmentos de impermanência.
O elemento terra emerge como um símbolo poderoso nessa reflexão. Ele serve como um elo entre o corpo, as coisas e a mente. Embora seja comumente associado à solidez e à estabilidade, o elemento terra está intrinsecamente ligado à dinâmica do planeta, que está em constante movimento no espaço. A fusão entre o corpo humano e o elemento terra, entre a carne e o barro, ressalta o paradoxo entre o desejo de pertencimento e a inquietação do deslocamento.


Assim, Impermanência é uma reflexão material sobre lidar com a fluidez da vida, confrontar a mudança e tentar encontrar conforto na própria transitoriedade. A cidade, os espaços que habitamos e até mesmo nossos pensamentos estão todos sujeitos a essa lei fundamental da existência. É precisamente nesse reconhecimento da impermanência como movimento e inquietação que encontramos uma oportunidade para cultivar uma maior aceitação e compreensão da condição humana. Ao invés de resistir à mudança ou nos apegarmos a uma sensação ilusória de estabilidade, podemos aprender a abraçar a impermanência como uma parte natural e inevitável da vida.

Anicca 3 (fase 1)
Anicca 6 (fase 1)

A flutuação da mente pode ser uma fonte de grande desconforto. Sentimentos de ansiedade, incerteza e instabilidade podem surgir quando nos agarramos a uma ideia de quem pensamos que somos ou de como as coisas deveriam ser. Quando confrontados com a impermanência de nossos próprios pensamentos e emoções, podemos nos sentir perdidos ou confusos, lutando para encontrar um senso de segurança e estabilidade interior.

Anicca 5 (fase 1)

Do macro para o micro, Impermanência passa por uma redução de escala - da cidade para a casa - do espaço social e exposto ao espaço íntimo e recluso. Essa mudança reflete metaforicamente a expansão e a retração do comportamento humano, da euforia para a depressão, do quente para o frio, estados que se alternam de acordo com o lugar, com o humor e com as circunstâncias. 

Os pensamentos, emoções e estados mentais estão sempre em fluxo, nunca permanecendo os mesmos por muito tempo. Às vezes, somos dominados pela ansiedade, pela incerteza, pela sensação de que estamos sempre buscando algo que está além de nosso alcance. Essa inquietação mental pode desencadear um estado de constante agitação, e nos imergir na turbulência de nossas próprias mentes.

Anicca 9 (fase 2)
Anicca 9 (fase 2)
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